Tecnologia fez você ver detalhe inédito do cosmo em 2019. E vem mais por aí
Esse é o último texto do ano, e como não poderia deixar de ser, faço uma breve retrospectiva das notícias e trabalhos mais importantes de 2019. Vamos ver o que mudou a astronomia nesses últimos 12 meses?
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Essa é fácil: a imagem do buraco negro divulgada em abril.
Observando o buraco negro supermassivo de M87 simultaneamente com antenas ao redor de todo o planeta, astrônomos puderam criar um supertelescópio com resolução equivalente a um observatório gigante do tamanho da Terra!
A técnica não é nova: já se fazia isso com ondas de rádio para observar objetos distantes, mas é a primeira vez que cientistas conseguem utilizar observatórios de microondas dessa forma. Isso possibilitou ver os detalhes de um buraco negro com 6 bilhões de vezes a massa do Sol, e a 54 milhões de anos-luz de distância. O instrumento é tão poderoso que com essa resolução poderíamos ler um jornal em Nova York enquanto tomássemos um cafezinho em Paris!
Do ponto de vista científico, os cientistas do projeto do Telescópio do Horizonte de Eventos, como é chamada a colaboração, ainda têm muito trabalho pela frente. A imagem foi suficiente para confirmar alguns aspectos da relatividade geral de Einstein que previam a aparência do buraco negro, mas isso não é tão surpreendente. Agora esperam com mais observações verificar, por exemplo, se o buraco negro está girando, algo que com os dados atuais ainda não foi possível.
O trabalho de maior impacto
Embora a imagem do buraco negro tenha recebido grande atenção na imprensa, o trabalho de maior impacto na comunidade acadêmica na verdade veio de outra colaboração científica, o Grande Telescópio de Levantamento Sinóptico, ou LSST, na sigla em inglês.
O observatório contará com uma câmera de 3 gigapixels – isso mesmo, 3 MIL megapixels! – e fará uma varredura do céu a cada noite. Isso quer dizer que não apenas o projeto produzirá um mapa detalhado do céu, mas teremos também um filme do Universo. Dessa forma, poderemos detectar objetos que se movem ou variam de brilho ao longo do tempo, como asteroides, supernovas e até mesmo colisões de estrelas de nêutrons, que produzem simultaneamente um flash luminoso e ondas gravitacionais.
Vale lembrar que esse é um dos projetos mais afetados pelo satélites Starlink da companhia espacial SpaceX.
Se tudo correr bem, a fase de testes começa em breve, com a "gravação do filme" tendo início em 2023. Se o impacto na comunidade do artigo científico inicial que apresentou o projeto for uma indicação do que vem por aí, será uma grande revolução astronômica!
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