Informação séria é a mais ameaçada pelo "asteroide destruidor de mundos"
Mais um ano, mais um asteroide que vai acabar com a vida na Terra. Isso já está ficando cansativo, não é?
Já viram as manchetes nos sites de notícias? "Asteroide colossal ameaça deixar marca destruidora na Terra". "Nasa alerta para aproximação de asteroide que pode acabar com vida na Terra". "Nasa alerta para asteroide que pode acabar com a humanidade ao cruzar trajetória da Terra". Em geral em matérias ilustradas com imagens assustadoras como essa aí de cima.
Primeiro, aos fatos. O asteroide 52768 (1998 OR2) tem 4 km de diâmetro e vai passar a mais de 6 milhões de quilômetros da Terra no dia 29 de abril deste ano. Isso representa cerca de 16 vezes a distância entre a Terra e a Lua. Assim, não há nenhum perigo para nós, e a Nasa não fez nenhum alerta.
Mas por que então essas notícias voltam a aparecer? Porque causam furor, porque atingem o público e conseguem uma resposta emocional. É esse tipo de resposta que permite que alguém receba a notícia em suas redes sociais e compartilhe imediatamente. Um estudo da Nature em 2018 mostrou que as fake news têm uma probabilidade 70% maior que notícias verdadeiras de serem compartilhadas, justamente pelo medo e surpresa que causam.
Esse fenômeno é perigoso. Em um caso parecido, um vídeo circula na internet em que um "especialista" recomenda usar vinagre ao invés de álcool gel nas mãos para se proteger do coronavírus. Gente, seu braço não é salada pra ser temperado desse jeito. E pior, isso não previne a contaminação, causando um potencial problema de saúde pública.
Como na famosa frase do filme Rebeldia Indomável, "o que temos aqui é uma falha de comunicação". Cientistas perdem espaços nos jornais e mídias sociais para falsos especialistas e charlatães, que se aproveitam desse terreno fértil para a disseminação de notícias falsas. É fundamental recuperar esses espaços, buscando novas linguagens para aproximar a sociedade das fontes de informação confiáveis.
Nesse meio tempo, fica um pedido: se receberem notícias alardeadoras como essa, reflitam e verifiquem a veracidade antes de compartilhar.
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