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Câmera chega tão perto do Sol que pode mostrar o que cientistas nunca viram

Thiago Signorini Gonçalves

18/06/2020 04h00

Ilustração do Solar Orbiter na aproximação do Sol (ESA/Medialab)

Na última segunda-feira (15 de junho), o satélite Solar Orbiter da Agência Espacial Europeia (ESA) chegou ao seu ponto máximo de aproximação do Sol, o periélio. A distância de 77 milhões de quilômetros pode parecer grande, mas é a metade da distância da Terra à estrela, e é a primeira vez na história que uma câmera se aproxima tanto do Sol para obter uma imagem direta.

Para cientistas que investigam o funcionamento do nosso astro-rei, será um prato cheio. Receberemos uma avalanche de novos dados, incluindo as primeiras imagens jamais obtidas dos polos solares, permitindo um estudo mais detalhado do funcionamento físico dos ciclos de atividade na estrela.

Alguns talvez se lembrem da sonda Parker, lançada pela Nasa. Embora seja verdade que o satélite norte-americano se aproxime mais do Sol, a apenas seis milhões de quilômetros, não há nenhuma imagem direta da superfície solar. Dessa forma, as duas missões se complementam em seus objetivos, e juntas formam um "combo" invencível para a astronomia solar.

A importância da ciência: o Sol é uma estrela!

Pode parecer óbvio para muitos, mas não custa lembrar: o Sol é uma estrela, uma de centenas de bilhões que existem na nossa galáxia, que é apenas uma dentre trilhões no universo. Na verdade, o Sol nem é uma estrela especial, possuindo tamanho e temperatura médios quando comparado às outras estrelas no universo. Ele apenas está muito mais próximo de nós que qualquer outra estrela. Para comparação, Próxima Centauri, a estrela mais próxima depois do Sol, está a 4,2 anos-luz de distância, ou 270 mil vezes a distância da Terra ao Sol!

Dessa forma, praticamente todas as outras estrelas no céu são pontos luminosos, e é quase impossível estudar diretamente sua estrutura interna ou detalhes superficiais. É aí que o Sol entra como grande candidato: ao estudá-lo em detalhes, conhecendo também seus ciclos e atividade magnética, podemos aplicar o conhecimento para o entendimento de estrelas em todas as partes do universo. Esse é um princípio físico de toda a astronomia: não estamos em um local privilegiado, e as leis da Física funcionam de forma idêntica em toda parte.

Hype astronômica

Infelizmente, a Solar Orbiter encontra-se atualmente a 134 milhões de quilômetros de nós, e levará aproximadamente uma semana só para baixar os dados! Em seguida, cientistas farão o processamento das imagens, que devem ser divulgadas ao público apenas em julho.

E aí, quem está ansioso pra ver a foto do Sol mais detalhada da história?

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Sobre o blog

O assunto aqui é Astronomia, num papo que vai além dos resultados. Conversamos sobre o dia-a-dia dos astrônomos, como as descobertas são feitas e a importância da astronomia nacional — afinal, é preciso sempre lembrar que existe pesquisa científica de qualidade no Brasil!

Sobre o autor

Thiago Signorini Gonçalves é doutor em Astrofísica pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia. Atua como professor de Astrofísica no Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e é coordenador de comunicação da Sociedade Astronômica Brasileira. Utilizando os maiores telescópios da Terra e do espaço, estuda a formação e evolução de galáxias, desde o Big Bang até os dias atuais. Apaixonado por ciência, tenta levar os encantos do Universo ao público por meio de atividades de divulgação científica.